Esse é nosso poeta: Nilton César professor de Inglês e de Língua Portuguesa.
OS NARRADORES DE JAVÉ EM CORDEL
NILTON CÉSAR DE SOUZA
Vou contar para você Surgiu a solução
Acredite se quiser Pra aquela gente narrar
Uma história fascinante Chamaram então o letrado
Daquelas de aplaudir em pé Um certo Antônio Biá
De uma gente sofrida Que ficaria encarregado
Porém muito divertida De escrever todo o passado
Os narradores de Javé Daquela gente de lá
Javé era um vilarejo Biá era homem culto
Às margens do São Francisco Criativo e nada sério
Casas pequenas e simples Mudava toda história
Como nunca se tinha visto E enchia de mistério
O rio ia ser represado Falava de um cavaleiro
Tudo ficaria inundado Sagaz e muito ligeiro
O vale corria risco Como nos contos de castelo
Essa gente caros leitores Então ele se tornou
Agiam de forma natural O escriba da cidade
Não tinham fala de doutor inventava muita coisa
Era bem coloquial Pra gente de toda idade
Tudo simplesinho O povo se revoltou
Feito com muito carinho De tudo o que ele inventou
E não faltava o amor Daquilo nada era verdade
O povo se reuniu Biá visitou muita gente
Na igreja pra conversar Por todas as casas passou
Era preciso um documento Ouviu tudo o que eles diziam
Pra salvar este lugar Porém nada anotou Vamos fazer um dossiê Os dia iam passando
O governo vai reconhecer Cada vez mais se complicando
E assim nos escutar O livro em branco ficou
Depois de muito discutir O povo de Javé
Tomaram uma decisão Diferentes de Biá
Vamos escrever um livro Tinham o letramento de mundo
Vai ser nossa salvação E muitos causos pra contar
Narrar toda nossa história Souberam do acontecido
De luta, batalha e glória Ficaram muito mordidos
De vida, amor e paixão Quiseram o danado matar
Só faltava um detalhe Na praça da vila
Que agora vou dizer Biá dava explicação
Neste vilarejo Que mesmo que escrevesse
Ninguém sabia escrever Não teriam salvação
Como fazer um documento Tudo ia ser inundado
Completo e com tudo dentro Era fato consumado
Bem técnico pra convencer Para o progresso da nação
O clima ficou quente
Foi uma bela cena
Ninguém matou ninguém
Pois não valia a pena
Muitos saíram chingando
Biá foi se afastando
Como raposa pequena
Não demorou muito
Tudo a água inundou
Só avistava o topo
Da capela que ficou
De toda uma História
O que ficou na memória
Foi um sino que restou
Assim termina a narrativa
O povo outro rumo seguiu
Na luta por nova terra
Todo mundo partiu
Tudo está registrado
Num livro muito bem lavrado
Nas estórias do Brasil
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